segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Arrogante ou Cuidadoso...

Um grande defeito, mas que se colocado na medida certa, se torna algo agradável...

Todo remédio é uma droga, que se ingerido em doses exageradas se torna nocivo. Com a arrogância, não é diferente.

Uma vez, um amigo meu me disse: “você precisa ter um mínimo de arrogância para que as pessoas não pisem em cima de você”. Ele estava certo...

Em nossa sociedade esquizofrênica, em que as pessoas, a todo o momento, sentem uma necessidade, estranha, de serem melhores que as outras, de passarem em cima das outras, a arrogância, ou seja, a falta de humildade se torna uma arma poderosa.

Assim como mentir, ser arrogante também é uma arte. Não se pode ser arrogante de maneira inconsequente, não se pode negar ideias ou pensamentos por pura vaidade, por pura vontade ausente de sentido. É necessário analisar, é necessário ver com quem você esta sendo arrogante.

A arrogância afasta as pessoas, mas não todas. Ela forma uma espécie de peneira, que cuidadosamente, filtra as pessoas indesejáveis, deixando-as distante. É um remédio controlado, que se não tiver suas doses reguladas, causa dependência.

Se você mente em demasia, afasta as pessoas que antes, em você, acreditavam. De mesmo modo, se você é demasiado arrogante, afasta as pessoas que antes te escutavam e, com você, conversavam.

É necessário mostrar-se arrogante para não deixar que suas convicções se percam, perante as convicções do outro que, insistentemente, procura fazer você acreditar em suas palavras.

“Tudo demais é sobra”. Este velho ditado se faz presente para tudo e todos. O excesso sobre qualquer coisa é nocivo para qualquer pessoa, sendo assim, a humildade não é exceção. É necessário reconhecer os dois lados de uma mesma moeda.

As virtudes são assim chamadas por que, para alcançá-las, é necessário muito esforço e sua presença atrai as pessoas. Entretanto, o outro lado da moeda, chamado de defeitos, são elementos da personalidade das pessoas, assim com as virtudes, só que diferentemente desta, são fáceis de adquirir ao mesmo tempo em que afasta as pessoas.

O excesso de virtudes faz com que a pessoa perca o poder de ação e se torne passiva as ações de outros indivíduos, desta maneira, como as pessoas virtuosas atraem outras pessoas, um indivíduo excessivamente virtuoso, se torna alvo fácil para as pessoas oportunistas, que se aproveitam de outros para terem êxito em seus fazeres.

Com os defeitos, ocorre exatamente o contrário. Os defeitos, assim como a arrogância, são uma espécie de filtro, que permite a passagem, apenas, daqueles que estão aptos a aturar os mesmos. Com o excesso, a seletividade se torna cada vez mais presente, o filtro cada vez mais intransponível e com isso, gerando uma barreira que torna a pessoa solitária.

A humildade é uma virtude que tem como oposto a arrogância. Enquanto uma atrai as pessoas, a outra afasta e, paradoxalmente, ambas devem agir em conjunto. É uma relação contraditória e combinada. Entretanto essa relação depende única e exclusivamente da pessoa que a faz.

É necessário analisar quem é merecedor de nossa humildade e quem é merecedor de nossa arrogância. Imaginemos a humildade como um elemento que atrai vários outros e que a arrogância realiza o papel de uma barreira que impede que corpos indesejáveis entrem contato com o nosso ser. Se a humildade cresce demais, a rede de arrogância não consegue conter os corpos indesejáveis, pois esta cede e é engolida pela primeira. Em contrapartida, se a arrogância cresce, a rede fecha cada vez mais suas passagens se tornando completamente impenetrável, tanto aos corpos desejáveis como aos indesejáveis.

Sendo assim é necessário um equilíbrio. O ser humano é uma junção de opostos, formado de virtudes e defeitos. A reflexão sobre estas duas facetas do homem é o que gera o equilíbrio.

Lembremos que:

Nem tudo que brilha é ouro,

E

Antes só, do que mal acompanhado.

A sabedoria popular vale ouro...

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