terça-feira, 11 de outubro de 2011

Beleza... Estética...

Fui hoje ao shopping. Sinceramente, não gosto daquele lugar... me sito estranho e um estranho.

Toda vez que eu entro neste centro de mercadorias, eu sinto que meu lugar não é alí.
Quando adolescente, em torno dos meus quinze anos, eu adorava ir ao shopping, para fazer nada mais, nada menos que andar com amigos... como eu era inocente... Não se passava por minha cabeça o que realmente acontece naquele templo de luz... tanta luz que fico zonzo...

Você entra em um shopping, seus passos diminuem, ficam mais lento, aquele maldito piso liso lhe obriga a andar devagar e, sendo assim, as informações, ou melhor, propagandas, bonbardeiam sua mente usando a visão como porta de entrada.
Tudo muito chamativo, tudo muito exagerado. Produtos todo tempo a mostra. Roupas, ouro, prata, sapatos, ternos, perfumes... lama...

Não sei se alguem já notou, mas existe um espaço de segregação dentro do shopping, e este, em si, já é um espaço de segragação. Andando pelo corredor que leva até a loja Centauro, passando pela boticário e outras lojas, você se vê dentro da área mais "rica" do shopping... aquele corredor é frio... mais frio que o normal... não por causa dos ar-cordicionados, mas sim, porque alí há um baixo fluxo de pessoas. Como existem poucas pessoas rondando por lá, existem poucos corpos com calor próprio para o ar gelado poder realizar uma troca de energia térmica.
O baixo fluxo é causado não porque existem poucas pessoas no shopping, mas sim, poucas pessoas com uma capacidade de compra mínima para aquele corredor.

Mas esse não é o ponto-chave de meus pensamentos.

O chão é liso, logo eu não corro ou ando rápido. A luz é intensa, logo eu consigo ver perfeitamente. E para todos os lugares que eu olho, vejo vitrines.
Não presto atenção ao produto à venda, eu olho a vitrine, o vidro e percebo... perdido em um canto... meu reflexo... meu e todas as outras pessoas ao meu redor...
Todas muito lindas, bem vestidas, ou  não , procurando algo para se tornarem  mais bem vestidas, mais belas, mais notáveis.
Você é o que você veste...
Cultuamos algo, que outrora, foi cultuada pelos antigos gregos... : o corpo perfeito.
A diferença básica é que, além do corpo perfeito, cultuamos as roupas perfeitas.
Homens e mulheres entram e academias, não pela saúde, mas sim, porque não estão felizes com seus corpos.
Mulheres tentam emagrecer, homens tentam ficar fortes e ambos com o mesmo  propósito: se tornarem belos e sexualmente atraentes, ou seja, ficarem gostosos(as).
Dão tanto valor a cultura do físico que adiquiriram doenças, talvez, nunca antes vistas como a anorexia. Começaram a ingetar substâncias que prejudicam, e muito, a saúde.
Enquanto uns passam fome, outros comem substancialmente menos por uma opção de simples vaidade.

Tudo isso parece clichê, porque realmente é. É um assunto já ultrapassado, mas vivo e pulsante.

Vivemos em uma realidade em que sua aparência vale mais que seu caráter. Que tatuagens e brincos ainda são considerados como algo "indecente", cabelos grandes somente para mulheres, e que roupa social deva ser sua sugunda pele.

Não reconheço mais o seu rosto, porque tudo que vejo é uma máscara enfeitada, de buchechas rosadas, lábios pintados e sombras nos olhos. Não reconheço mais sua índole porque tudo que sai de sua boca são as ultimas novidades de um mundo venenoso e fútil. Não me lembro mais de como era seu corpo humano, pois tudo que vejo é o corpo de um ogro.

Não quero uma serpente de pano em volta do meu pescoço. Não quero um alcochoado em volta de meu corpo, não quero um couro de bico fino recobrindo meu pé. Não quero o tempo moldado em ouro em volta de meu pulso. Não quero um caráter desmanchado pelas ilusões da vaidade... não quero ser você...

Eu quero viver sem me preocupra com meus trajes, minhas vestes e meu corpo esuturado. Eu quero viver... Nada será mais certo do que o tempo lhe enchugando a vida e sua jovial beleza. E esse sim! O tempo será seu primeiro e único inimigo.

Nada será mais belo que um pôr-do-sol...

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