quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Ao ócio.


Vida longa ao ócio, pois se não fosse este ilustre conhecido do cotidiano, não teríamos a agoniante necessidade de fazermos algo de nossas pacatas vidas.

Por quanto ficamos sentados, com o vazio gritante estampado em nossos olhos, antes de tomarmos quaisquer medidas sobre a nossa vida.

Viva ao ócio, este mal necessário, este ilustre conhecido, este ser amado e odiado.

Viva ao ócio, nosso amor e desgosto.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Máscara sem enfeites


Nem sempre as máscaras servem para mostrar um rosto que não exista, mas sim, para simplesmente esconder uma face que não quer ou não necessita ser vista.

O copo


Deixei o copo cair e ele não quebrou. Levantei a sobrancelha esquerda, como sempre faço quando algo estranho passa por minha mente, e seguidamente apanhei o copo do chão. Era um copo de vidro, desses comuns que nós encontramos nesses mercadinhos e lojinhas para o lar. Segurei a peça de vidro por uns instantes, girei de um lado ao outro, fiquei olhando admirado. Respirei fundo e folguei a mão. Senti o copo deslizar por meus dedos. O objeto passou depressa e logo encontrou o chão, espatifando-se em vários pedaços.

Sabe-se lá o que passava em minha cabeça, mas, sem muito pensar, sentei-me ao chão defronte ao copo quebrado. Permaneci parado, olhando os estilhaços que refletiam a luz que os atingira. Senti a alma condensada, era como se o tempo tivesse parado, como se o tudo e o nada, simultaneamente, acontecessem. Havia alcançado a serenidade. Parece loucura, ou uma completa perda de tempo, mas coisas assim nos fazem refletir bastante às vezes. Se mantivermos nossos olhos atentos, coisas simples tornam-se grandiosas.

Parado, olhando os fragmentos de vidro, comecei a pensar no cotidiano, afinal, quantas vezes algo aconteceu por um deslize, ou por um infortúnio e por sorte não nos atingiu, de alguma forma, e simplesmente desconsideramos o fato e seguimos com nossas vidas? O copo caiu porque minha mão esbarrou nele sem querer quando virei o meu corpo e eu poderia, simplesmente, pega-lo e coloca-lo em um lugar mais seguro, ou menos “perigoso” dependendo do ponto de vista. Entretanto, eu deixei que ele caísse novamente, e de propósito, e dessa vez ele se espatifou.

Quantas vezes temos uma segunda chance para revermos nossos atos e, propositalmente, deixamos esta segunda chance correr feito água entre os dedos. O copo quebrou, eu sei disso, do mesmo jeito que eu também sei que, antes, podia tê-lo pego e guardado, mas não, eu preferi derrubá-lo e ver se ele se estilhaçaria. Isso me fez refleti.

Quando nossas ações são pensadas, as consequências são maiores, para a melhor ou pior das hipóteses. Nem sempre coisas frágeis têm segunda chance e nem sempre nós vemos coisas simples como avisos... Malditos avisos...

Ainda estou com sede...


“Que eu, assim como Deus, não jogo dados e não creio em coincidências”
- V

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Critiquem o criticável.


Critiquem. Todas as críticas são construtivas. Se disserem meus erros, os concertarei. Se disserem meus acertos, os manterei.

Frio?

Não sou frio, apenas conheço e reflito sobre as emoções o suficiente para não me deixar sofrer por elas.

O que cabe em um olho e pesa uma tonelada.


No dia em que uma pessoa disser que eu sou frio, ela terá apenas o meu sorriso.

O que eu tenho que me distingue de outros seres vivos senão a mente e a reflexão?

A raiva existe, assim como a alegria e a tristeza. Vejo estas três emoções como as principais e as demais, como variações destas.

As lágrimas são o estopim de algo, de alguma destas três emoções. Choramos de raiva, alegria ou tristeza.

Não direi nada quanto à alegria, pois a alegria surge perante a concretização de nossas realizações, logo ela não merece uma reflexão sobre as lágrimas e, no momento, é assim que a vejo.

Entretanto, chorar por raiva ou tristeza é algo que merece reflexão, afinal, são sentimentos que surgem perante as frustrações da não realização de nossos objetivos ou surgem perante as ações de outrem.

As lágrimas correm nos rostos daqueles que não estavam preparadas para elas. As lágrimas de tristeza correm comumente nos que não estavam preparados para a própria tristeza e o mesmo acontece com a raiva.

As emoções existem e elas não podem ser ignoradas, pois, quando isto ocorre, elas aparecem de surpresa e seus efeitos são piores. O ideal é percebermos suas existências, sabermos que a qualquer momento imprevisto poderão provocar todos os tipos de reações e, com as reações, todos os tipos de emoções em diferentes variações.

As reflexões sobre os nossos atos e sobre os atos de outros atores é o que nos fazem estar preparados para as emoções, e quando estas surgem, não somos pegos de surpresa e não caímos em prantos.

Com o tempo, percebi que quanto mais eu chorava, menos ação eu tinha de concertar os erros e continuar minha caminhada, quanto mais eu ignorava a possibilidade da tristeza ou da raiva mais eu era pego por estas. As lágrimas correm, na grande maioria das vezes, nos rostos das pessoas desatentas as consequências.

As lágrimas lhe impedem de agir com precisão, lhe impedem de pensar claramente.

Existem, sim, situações em que os impactos são realmente chocantes. Meu pensamento segue a linha do cotidiano e não das coisas excepcionais. É necessário deixar isto claro para não cairmos em falsas ideias.

Se tiverem os olhos abertos e plena consciência dos previstos e imprevistos, as lágrimas pouco correrão em seus rostos.