sexta-feira, 25 de maio de 2012

Chave-mestra


Prendem-me e me trancam em um quarto escuro, mas mesmo assim eu consigo ver a luz.
Indo e vindo os fragmentos de memória, os junto com a mais poderosa força criada pelo homem.

Sem possuir asas, ou sem mesmo sentir a brisa alisar meu rosto, me vejo voar pelas nuvens, saltando de pico em pico, montanha em montanha.

Não vejo o céu azul, mas o vejo verde, vermelho, roxo, o que eu quiser, mas preferi vê-lo azul, com poucas nuvens e com um Sol enorme atrás de mim.

Levanto-me e ando de um lado ao outro. Para que vê de fora, acredita ser um louco perambulando dentro de uma gaiola, uma enorme gaiola. Mas por que eu não vejo isso?
Eu vejo meus pé passarem por cima de uma verde grama, viva, vejo árvores ao meu redor e crianças a brincar de ciranda.

Estou louco? Poderia até ser, se eu não tivesse a capacidade de ver a grade que me cerca quando eu bem quisesse.

O que me faz ir e vir por esses dois mundos, onde em um eu sou cativo e no outro eu sou tão livre quanto o vento? O que me faz ir e vir por esses dois planos onde em um o chão é duro e cinza, enquanto no outro, a grama macia serve de colchão.

Eu não fecho os olhos para ir de um lugar ao outro, eu simplesmente vou de um lugar ao outro.

Como um cão perseguindo um carro, eu não sei o que fazer caso alcance o carro, eu não sei o que fazer caso consiga alcançar este outro plano, eu simplesmente sigo, ando, passeio por este outro plano.

De um minuto ao outro eu vejo o dia e a noite permutarem incessantemente. De um segundo ao outro eu vejo a vida ir e vir em cada respiração que faço. Mesmo sem existir flores, eu as vejo e eu as cheiro, e como são cheirosas.

O que eu faço não é um passe de mágica, nem uma mera ilusão. Só faço aquilo que foi esquecido pelas pessoas presas em seus fatídicos cotidianos.  Eu simplesmente imagino.

Enquanto eu puder respirar... voarei até o Sol.

“Era meia noite em pino. As tartarugas voavam de galho em galho e o gado pastava na campina do oceano. Um velho nu, sentado com as mãos no bolso, lia um jornal sem letras: Melhor morrer, do que perder a vida”. – Autor desconhecido.

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