terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Ser Cínico

Gostaria de antemão dizer que não sou perito no assunto do cinismo enquanto linha filosófica, mas mesmo assim, me atrevo a falar algo sobre.

Significado de Cínico
adj. e s.m. Diz-se de filósofos antigos (como Diógenes) que professavam uma moral ascética e um desdém absoluto das conveniências sociais.
Impudente, inconveniente, descarado: linguagem cínica. (Fonte: http://www.dicio.com.br/cinico/)

O cinismo se perdeu enquanto senso dando espaço a uma noção pejorativa.

Ser cínico não é uma pena, mas sim, a meu ver, é uma necessidade.

Uma das frases que mais me marcou foi a dito por Crates: “você segue as leis por convenção ou por natureza”.

Ser cínico é ir de encontro aos costumes firmados por nossa sociedade.

Ora, vejamos um exemplo, roubar é um crime, e se um indivíduo o faz por uma necessidade isto não o fará menos errado, ou muito menos, esta mesma necessidade não servirá de justificativa aos seus atos. Em contrapartida, nosso país possui uma grande quantidade de ladrões vestidos de ternos e gravatas que “carinhosamente” nós os alcunhamos de políticos. Estes últimos, por sua vez, roubam de toda uma nação, e nem por isso nos damos ao trabalho de irmos às ruas protestarmos contra tal ação.

Crime é crime, e em ambos os casos vemos algo que é considerado errado pela sociedade. Mas pergunto, por que uns nós prendemos e torturamos enquanto outros continuam impunes e gozando com o dinheiro dos trabalhadores?

As leis são uma grande piada, de muito mau gosto penso eu. Elas são feitas de cima para baixo. Acostumamo-nos a ver poderosos continuando impunes e assentamos esta ideia em nossas cabeças. Convencionamos socialmente de que nada poderá parar um político corrupto, daí nasce o nosso ócio, nossa falta de vontade de lutar. Devido a isto, descarregamos nossas frustações e certezas aos menos poderosos que não podem se defender ou protestar. Descarregamos a frustração do roubo em cima do simplório ladrão de bolsas, enquanto trabalhamos seis meses somente para pagar impostos que são desviados para o bolso de pessoas que nem ouso comparar aos ratos ou vermes, porque estes ainda prestam o serviço ao qual, aos mesmos, foram entregues.

Logo, até onde roubar é errado, ou melhor, até onde roubar é um ato impune?

Quem convencionou o certo e o errado? Quem foi que disse que o certo é universal?

As certezas são subjetivas, assim como os erros. É lógico que existem certezas que são comuns, não a todos, mas a uma grande maioria. Não estou aqui para falar dessas certezas, mas sim para estressar a ideia do que seria o certo.

Suas certezas são cabíveis a você, e somente a você. Suas certezas são suas responsabilidades. Mas será que suas certezas são cabíveis a mim? Ou será que as minhas certezas são cabíveis a você?

As certezas são cabíveis a partir da aceitação. A todo o momento, imperceptível à nossa razão, porque somos “ocupados de mais” para refletirmos sobre. Nós comumente impomos nossas razões para os outros sem ao menos pensarmos se ela será bem vista e/ou aceita pelo próximo.

Onde está a tolerância, ou o respeito às diferenças?

Para quem são os direitos? Para quem são os deveres? Para quem são os privilégios?

O direito é aquilo que de nós é usurpado. O dever é o que justifica a nossa punição. O privilégio é a capacidade de burlar e/ou quebrar as regras que para toda uma sociedade foi imposta e não discutida.

Logo, o que nós, meros mortais, temos são os direitos e os deveres. Aos poderosos, de qualquer casta, sobram os privilégios.

Claro que isso é um pensamento meu, de minha responsabilidade, e com ele não te imponho nada, mas espero que te faças refletir, afinal, “você segue as leis por convenção ou por natureza?”.

"Não me tires o que não me podes dar!" – Diógenes de Sínope à Alexandre, o Grande.

Nenhum comentário:

Postar um comentário